De um extremo ao outro

Estou adiando este texto há meses, mas não da mais para adiar, chegamos ao ponto crucial. Sempre nutri um receio para com nossa tão saudosa presidenta, sempre.

Dilma com uma bolsa Kelly que custa em torno
de R$ 14 mil na épocaem que ainda era canditata

Primeiro porque não entendia sua postura diante dos militares, muitos deles torturadores da época da ditadura. Não entendia e não entendo.  Imagino que para uma mulher não há nada mais cruel e deplorável do que ser estuprada, humilhada, massacrada mental e psicologicamente por dias, semanas ou meses a fio. Duvido que qualquer mulher que tenha passado por isso na mão de um homem ou de um grupo de homens conseguiria ter um olhar complacente (por menor que fosse) para com eles em algum momento de sua vida, duvido.  Pois é por isso, que eu não entendia a Sr. Dilma Roussef, porque se é realmente como ela sempre diz, se realmente ela foi presa política. Duas coisas aconteceram com certeza ela foi torturada e ela foi estuprada.  A tortura mais corriqueira para presas de guerra é o estupro.  Portanto se ela passou por tudo isso, aonde foi parar o seu ranço? Onde foi parar o seu ódio mais intimo? Será que a democracia suavizou sua ira, sua revolta e ressentimento?  Não sei, não sei mesmo.  Não sei onde ela guardou tudo isso, para chegar ao ponto de se ressentir com umas porradinhas que o tal do coronelzinho recebeu. A única coisa que consigo enxergar daqui do meu humilde cantinho de mundo é a multiplicação das barbáries cometidas por milicos de toda ordem em seu governo nada popular. A marinha impedindo os quilombolas de plantarem até mesmo o próprio alimento. O exercito no Maranhão oprimindo e coagindo moradores, o caso Amarildo e agora o caso Douglas fora os milhares de casos que se quer apareceram na mídia.  Eu não esperava que ela saísse por ai detonando todo e qualquer milico que visse pela frente, mas também não esperava tanta complacência, tanta vontade em agradar os seus pseudo algozes. Por fim, entendo que no governo Dilma, nos aproximamos muito de uma zona perigosíssima.  Após as “Diretas Já” nunca os antigos donos do país estiveram tão próximo do poder, nunca. É muito estranho que isso esteja acontecendo e logo no governo da ex-militante de esquerda, muito estranho mesmo. Existe uma suspeita que provavelmente jamais será comprovada a de que a presidenta era no fundo uma colaboradora da ditadura e se tal fato um dia viesse a ser provado não me surpreenderia. Já que os atos e atitudes do governo da militante de esquerda em nada têm a ver com a postura de alguém que sofreu nos porões da ditadura.

Dilma treinando tiro 

Voltando ao caso Douglas e a versão estúpida do policial que diz que a porta da viatura bateu em sua mão e disparou a arma. Como assim? Não tem lógica isso. Por que diabos um policial aborda um cidadão com o dedo no gatilho? Ele não devia ter o dedo no gatilho para início de conversa e se tava com dedo no gatilho com a arma destravada é porque tinha a intenção de matar. Apoiar essas incursões funestas da PM nos bairros da periferia tem sido a norma entre os nossos governantes, seja da pseudo direita ou da pseudo esquerda. Em que ponto da história esses discursos se aliam e convergem para o mesmo ponto central? Pelo que me consta é sempre em torno da questão racial, do negro, do pobre que eles convergem, se aliam, se juntam, se aquadrilham de maneira quase que instantânea. Se existe um ponto onde não há divergência é na marginalização de negros e pobres que lutam por seus direitos, mesmo que seja pelo direito mais elementar do ser humano, o direito de ir e vir. A esquerda ou para ser mais claro os militantes de classe média traíram a periferia essa é a verdade. Não vou dizer que traíram o povo negro por que eles nunca foram nosso aliado, nunca acreditaram em nossa luta e sempre minimizaram as nossas questões impondo uma idéia de luta de classe que deveria contemplar também a luta étnico racial. Não contemplou. Nem no governo Lula nem no governo Dilma. No próximo ano tem eleições e um desavisado pode acreditar que estou desqualificando a Dilma para de alguma forma ajudar a direita racista. Não, não estou mesmo. Eu não voto nem na direita e nem na esquerda e nem em partido nenhum, pois nenhum deles me representa. Nem a mim nem ao meu povo. Proponho sim, um boicote a essas eleições sem legitimidade. Esses políticos que estão ai não nos representam. Somos a maioria sem o nosso voto não há como eleger um presidente da republica, pensem nisso.

Por: Prettu Junior